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5 perguntas que nos ajudam a despertar

* Texto original de Ezra Bayda traduzido por Mônica Valentim. Você pode acessar o texto original clicando aqui.



Em uma recente viagem à prisão de Alcatraz, tive a experiência fascinante de caminhar pelos corredores, ficar nas celas e imaginar como seria ficar confinado ali. Antes de deixar de funcionar como prisão, Alcatraz era única porque mantinha todos os presos isolados em celas solitárias. Ouvi a história de um prisioneiro que, quando colocado numa cela escura e solitária como punição, arrancava um botão da camisa e o lançava no espaço. Então se ajoelhava e procurava o botão, depois o jogava de novo - apenas para evitar enlouquecer no escuro.

Esse exemplo pode parecer que não tem nada a ver conosco, mas o fato é que todos nós temos nossas próprias maneiras de evitar o escuro e nossas próprias estratégias para atirar botões. Elas podem parecer mais saudáveis e mais produtivas, mas ainda são tentativas afastar nossas dificuldades.

Tentar evitar o que é desagradável parece estar profundamente arraigado na psique humana. Afinal, quando a vida parece fora de sincronia, naturalmente buscamos conforto e alívio. Mas a sensação de que a vida está fora de sincronia não é nova. Como Buda apontou mais de 2.500 anos atrás, sempre teremos que lidar com o fato de que a vida envolve desconforto e decepção. Sempre teremos nossos muitos problemas - preocupações com segurança financeira, dificuldades de relacionamento, medos sobre nossa saúde, esforços ansiosos por sucesso e aceitação, e assim por diante. No entanto, talvez o problema mais básico seja que não queremos realmente ter nenhum problema; talvez seja isso que, em parte, faça com que os dias de hoje pareçam tão angustiantes.

Muitas pessoas buscam a meditação com a expectativa de acalmar e aliviar os sentimentos de angústia. Certamente a meditação pode fazer isso em certa medida; no entanto, quando estamos com problemas emocionais até o nariz, podemos nos dar por felizes se conseguirmos lembrar dessas ferramentas. Mesmo que consigamos lembrar de meditar, simplesmente sentar e seguir a respiração, sem abordar diretamente nossas dificuldades, dificilmente isso trará uma paz de espírito profunda ou duradoura. As dificuldades permanecem.

Às vezes, quando as emoções são particularmente intensas, quando temos sentimentos muito desconfortáveis ​​de falta de chão e desamparo, é especialmente difícil lembrar o que sabemos. E há uma boa razão para isso. Quando estamos angustiados, o cérebro "novo" ou conceitual tende a parar de funcionar. Isso é chamado de "choque cognitivo", que desativa a capacidade básica da mente cognitiva de funcionar. Quando o cérebro pensante fica sabático, simplesmente não conseguimos pensar com clareza. Durante o choque cognitivo, o cérebro "antigo", baseado na sobrevivência e na defesa, assume o controle. Nesse ponto, é provável que ataquemos, nos retiremos ou fiquemos entorpecidos, nada que favoreça a conscientização. Para ser sincero, quando estamos em choque cognitivo, já estará de bom tamanho se lembrarmos que queremos despertar.

Quando a clareza se torna obscurecida pela energia sombria e agitada do sofrimento emocional, é útil ter alguns lembretes concisos para nos trazer de volta à realidade. A verdadeira questão é: O que nos ajuda a despertar? A resposta a essa pergunta abrangente pode ser dividida em cinco perguntas menores, muito diretas e específicas, cada uma das quais nos apontando na direção da clareza.


1. O QUE ESTÁ ACONTECENDO AGORA?

Isso simplesmente exige o reconhecimento honesto da situação objetiva. Mas, para fazê-lo, precisamos ser capazes de diferenciar entre nossa visão do que está acontecendo e os fatos reais da situação.

Por exemplo, quando experimentamos o pânico de perder nosso emprego ou ver nossos investimentos desaparecerem da noite para o dia, é fácil ficar tão envolvido com nossos medos que perdemos todo o senso de perspectiva. Mas o que realmente está acontecendo no momento presente? Em geral, somos ou não sequestrados pelos pensamentos que adicionamos sobre o destino iminente de falta de moradia ou fome, em vez de estar experimentando falta de moradia ou fome de fato? Claramente, ver nossos pensamentos em que estamos acreditando - geralmente baseados em imaginações negativas sobre o futuro - nos permite voltar à realidade objetiva do que está acontecendo.

Outro exemplo: quando somos pegos no turbilhão da angústia emocional, quase sempre adicionamos o pensamento "algo está errado" - errado em geral ou, mais provavelmente, errado com outra pessoa ou conosco. Além disso, quase sempre pensaremos em como escapar da angústia - tentando consertar a situação ou culpar ou analisar. Em suma, trabalhar efetivamente com nossas dificuldades emocionais exige que primeiro vejamos claramente não apenas o que realmente está acontecendo, mas também o que estamos adicionando à situação, através de nossos desvios, fugas e julgamentos.

Quanto de nossa angústia está enraizada nas histórias que tecemos em torno de nossas experiências? Abandonar nossa narrativa é fundamental para estar ciente do que realmente está acontecendo no momento presente. Precisamos ver o enredo pelo que é e parar de repeti-lo repetidamente através de nossos pensamentos, pois tudo o que eles fazem é sustentar e solidificar nossas experiências dolorosas. Isto é especialmente verdade quando estamos nos justificando e culpando. Fazer a primeira pergunta prática - O que está acontecendo agora? - pode nos ajudar a sair do ciclo venenoso de nossas histórias.


2. POSSO VER ISSO COMO O MEU CAMINHO?

Se não fizermos essa pergunta crucial, é improvável que lembremos que essa é a nossa oportunidade de despertar. No entanto, é essencial que entendamos que nossa situação angustiante é exatamente o que precisamos trabalhar para sermos livres. Por exemplo, a pessoa que consideramos mais irritante se torna um espelho - você poderia chamar essa pessoa de "Buda irritante" - refletindo de volta para nós exatamente onde estamos presos. Afinal, a irritação é aquilo que acrescentamos.

É absolutamente fundamental que aprendamos que, quando situações e sentimentos difíceis surgem, não são obstáculos a serem evitados, mas essas mesmas dificuldades são, de fato, o próprio caminho. Elas são nossa oportunidade de despertar do nosso mundinho protegido; elas são a nossa oportunidade de acordar para uma maneira mais genuína de viver. Este ponto precisa sempre ser enfatizado.

É claro que você já deve ter ouvido essa ideia antes - que nossas dificuldades são nosso caminho. Mas é muito mais fácil entender isso intelectualmente do que lembrar quando estamos no meio da confusão da vida. Por quê? Porque, novamente, instintivamente queremos uma vida livre de problemas. Por isso, geralmente continuamos buscando conforto e segurança até que, em algum momento, se tivermos sorte, ficaremos decepcionados o suficiente com os golpes da vida para perceber que nossas estratégias - controle, esforço, retirada, culpar o que quer que seja - nunca nos darão a qualidade de vida que todos nós queremos. Nesse ponto - com as decepções da vida como nossos professores - podemos começar a usar nossas dificuldades como nosso caminho para o despertar. Lembrar a importância disso nos permite dar o passo crítico de boas-vindas à nossa angústia, porque entendemos que, enquanto continuarmos a resistir à nossa experiência, continuaremos presos.


3. QUAL É O PENSAMENTO EM QUE MAIS ACREDITO?

Responder a isso é como tirar um retrato da mente. Essa pergunta é tentadora, especialmente porque muitas vezes tomamos nossas opiniões como Verdade, e pode ser difícil ver no que realmente estamos acreditando. Embora a observação da mente nos permita ver nossos pensamentos superficiais com clareza, as crenças mais profundas geralmente ficam abaixo da superfície. Assim, essas crenças arraigadas costumam ditar como sentimos e agimos, e continuam a comandar quase inconscientemente.

Por exemplo, os pensamentos em que profundamente acreditamos de insegurança pessoal podem não ser evidentes na superfície em uma determinada situação; sinceramente, muitas vezes desconhecemos a presença deles. Mas sua pegada venenosa geralmente se manifesta em nossa raiva, culpa, depressão e vergonha. Esses pensamentos de insegurança profundamente acreditados e bem ocultos agem como radar, e frequentemente procuramos experiências que confirmem que nossas crenças são verdadeiras - a profecia clássica de auto-realização. Por exemplo, se você acredita que a vida não é segura, tudo o que você precisa fazer é receber uma conta um pouco mais alta do que o esperado e sua mente começará a tecer cenários de destruição.

Temos que saber onde ficamos presos em nossas crenças particulares de radar. E nós temos que saber como trabalhar com elas. Novamente, o processo começa com a pergunta: qual é o pensamento em que mais acredito? No entanto, se a resposta não chegar, você a solta e volta à sua experiência física, em vez de tentar descobrir isso com a mente. Então, um pouco depois, você faz a pergunta novamente. Mais cedo ou mais tarde, com perseverança, a resposta se apresentará, às vezes de forma surpreendente.

Por exemplo, seu pensamento superficial pode ser: "Ninguém deveria ter que suportar isso". Esse pensamento expressa a voz protetora da raiva e da frustração. Mas quando nos aprofundamos, um pensamento mais forte, como "não vou dar conta", pode ser revelado com a surpresa da descoberta. Então, conforme vamos nos conhecendo, pode haver uma qualidade "é claro". Não vimos essa crença muitas vezes antes? É nesse ponto que começamos a remover parte de nosso investimento em nossas crenças negativas profundamente arraigadas sobre nós mesmos. Mas, para chegar a esse lugar, primeiro precisamos investigar quais são nossos pensamentos mais acreditados.


4. O QUE É ISSO?

Essa pergunta, talvez a mais importante, é na verdade um koan zen, pois não pode ser respondido pela mente pensante. A única resposta vem de entrar diretamente na experiência física imediata do momento presente. Neste momento, pergunte a si mesmo: "O que é isso?". Mesmo se você não sentir nenhum desconforto, essa pergunta pode ser aplicada a qualquer evento ocorrendo no momento presente. Torne-se consciente de sua postura física. Sinta a qualidade geral das sensações físicas no corpo. Sinta a tensão no rosto, no peito e no estômago. Inclua a consciência do ambiente - a temperatura, a qualidade da luz, os sons ao redor. Sinta o corpo inspirando e expirando ao absorver essa sensação do momento. Sinta a energia do corpo ao se concentrar no "quê" (e não no "porquê") da sua experiência. Só desse modo, você responderá à pergunta O que é isso?

É certo que é difícil manter a consciência no momento presente, quando a angústia está presente, porque para experimentar verdadeiramente o presente, precisamos nos abster de nossas defesas mais habituais, como justificar, tentar controlar, ficar entorpecido, procurar diversões e assim por diante. O único objetivo dessas estratégias é proteger-nos de sentir a dor que não queremos experimentar. Mas até que possamos nos abster dessas defesas e sentir a experiência física diretamente, permaneceremos presos na narrativa de "eu", sem saber o que a vida realmente é no momento.

Por exemplo, se sentimos ansiedade, é natural querer evitar sentir isso. Podemos nos manter ocupados, ou nos esforçar mais, ou tentar compreender. Mas se pudermos nos perguntar O que é isso?, a única resposta importante e real vem da experiência física real da ansiedade no momento presente. Lembre-se, não estamos perguntando do que se trata, o que seria ficar analisando, que é o oposto de estar fisicamente presente. Estamos simplesmente perguntando o que realmente é.

Fazer a pergunta koan “O que é isso? é a essência do despertar a qualidade da curiosidade, na medida em que a única "resposta" vem de estar aberto para realmente experimentar a verdade de cada momento. Curiosidade significa que estamos dispostos a explorar um território desconhecido - os lugares aonde o ego não quer ir. A curiosidade nos permite ir além, em direção aos nossos medos mais profundos. Ser verdadeiramente curioso significa que estamos dispostos a dizer "Sim" à nossa experiência, mesmo as partes mais difíceis, em vez de ceder ao "Não" de nossa resistência habitual.

Dizer "Sim" não significa que gostamos da nossa experiência ou que necessariamente sentimos aceitação. Nem sequer significa que anulamos o "Não". Dizer "Sim" significa simplesmente que prestamos atenção - atenção meticulosa - ao "Não". Significa que não estamos mais resistindo às pessoas, coisas e medos de que não gostamos; em vez disso, estamos aprendendo a nos abrir para eles, a convidá-los e a recebê-los com curiosidade, a fim de experimentar o que realmente está acontecendo.

No entanto, às vezes, quando a mente está cambaleando no pânico da dúvida e da confusão, é particularmente difícil voltar ao coração que procura despertar. Nesses momentos, como podemos encontrar a disposição de permanecer presente com nossos próprios medos - os medos que sempre limitarão nossa capacidade de amar? Quando tudo parece sombrio e impraticável, quando perdemos o contato com o desejo de nos mover em direção à luz, a única coisa que podemos fazer é respirar profundamente no centro do peito, na inspiração e na expiração, estendendo para nós o mesmo calor e compaixão que teríamos com um amigo ou criança angustiada. Respirar no coração, conectando-se fisicamente com o centro do nosso ser, é uma maneira de estender a bondade amorosa para nós mesmos, mesmo quando parece não haver nenhuma bondade amorosa à vista.

Lembrando que nossa angústia também é nosso caminho e respirando as sensações angustiantes no centro do peito, podemos aprender a ficar com as reais sensações da angústia. É importante entender que ser capaz de perguntar o que é isso? - e realmente permanecer com o que encontramos lá - exige muita paciência e coragem. Talvez possamos apenas fazer um pouco. Mas nós perseveramos - mesmo que sejam apenas três respirações por vez. Em última análise, é a consciência que cura. É a consciência que nos permite reconectar com o coração, o coração que é a essência do nosso ser.

Recentemente me disseram que eu tinha que fazer um procedimento médico para determinar se tinha ou não câncer de próstata. Junto com o medo de ter câncer de próstata estavam as lembranças de experiências dolorosas de procedimentos médicos semelhantes anteriores, levando a um sentimento de pavor e morbidade. Ao longo dos anos, fiquei livre de muitos dos meus medos e apegos, mas cada um de nós tem seus próprios limites - aquele lugar aonde o medo nos diz para não ir . Então, mesmo que eu tivesse uma vasta experiência praticando sobre doenças e dores, não havia dúvida de que esse conjunto particular de circunstâncias me colocava no meu limite pessoal.

Foi útil responder à primeira pergunta - O que está acontecendo agora? - porque pude ver que, na verdade, não havia nenhum desconforto físico além do desconforto provocado por acreditar em meus pensamentos baseados no medo. Também foi útil me perguntar: “Posso ver esta situação como meu caminho?” - apontando para a oportunidade de trabalhar com meus próprios apegos e medos particulares. Também, perguntando Quais são os pensamentos em que mais acredito? me ajudou a ver que pensamentos como "Isso é demais" e "Não dou conta" eram apenas pensamentos - pensamentos que não eram a verdade, por mais verdadeiros que parecessem no momento.

Mas a verdadeira chave para trabalhar com o pânico e o pavor veio de responder à pergunta koan - O que é isso?. A resposta foi voltar repetidamente à experiência física do momento presente, como as sensações de aperto no peito e mal-estar no estômago. Às vezes, eu só podia ficar com ele por três respirações. Às vezes, a experiência era tão forte que tudo que eu podia fazer era respirar as sensações no centro do peito, lembrando de todos os outros que estavam tendo a mesma ou uma aflição semelhante e desejando compaixão por todos nós.

Ficar com a questão o que é isso? acabou por permitir que o muro de medo da prisão auto-imposta começasse a se dissolver, e pude experimentar a graça e a liberdade da entrega. Quando podemos entrar visceralmente na pergunta O que é isso?, vemos que nossa experiência, por mais desagradável que seja, está mudando constantemente e que, no fundo, é apenas uma combinação de pensamentos, sensações físicas e memórias antigas. Quando vemos isso, a experiência do sofrimento começa a se desdobrar em seus agregados individuais, em vez de parecer sólida. Mais uma vez, é a consciência que cura.


5. POSSO DEIXAR QUE ESSA EXPERIÊNCIA SEJA COMO É?

Isso não é fácil, porque nossa compulsão humana pelo conforto nos leva a querer consertar ou nos livrar de nossas experiências desagradáveis. Permitir que nossa experiência apenas seja como é normalmente só se torna possível depois que ficamos desapontados com a futilidade de tentar consertar a nós mesmos (e aos outros). Temos que perceber que tentar mudar ou deixar de lado os sentimentos que não queremos sentir simplesmente não funciona. Permitir que nossa experiência apenas exista requer uma compreensão crítica: que é mais doloroso tentar afastar nossa própria dor do que senti-la. Esse entendimento não é intelectual, mas algo que acaba se enraizando no âmago de nosso ser.

Uma vez que possamos realmente deixar nossa experiência ser como ela é, a consciência se torna um espaço mais amplo, dentro do qual a angústia começa a desmantelar por conta própria. Às vezes, ajuda a ampliar o espaço da consciência, incluindo intencionalmente a percepção do ar e dos sons, ou o que quer que possamos conectar fora dos limites da pele. Dentro desse recipiente mais amplo e espaçoso, a angústia pode até se transformar de algo pesado e sombrio em energia pura e indefinida, mais porosa e leve. A energia pode liberar-se por conta própria, sem a necessidade de tentar se livrar dela.

Essa pergunta final - posso deixar que essa experiência seja como é? - também permite que a qualidade da misericórdia ou bondade amorosa surjam, porque não estamos mais nos julgando ou a nossa experiência como defeituosa. Finalmente estamos dispostos a experimentar nossa vida dentro da amplitude do coração, e não através dos julgamentos auto-limitantes da mente.

Essas cinco perguntas - O que está acontecendo agora? Posso receber isso como meu caminho? Qual é o pensamento em que mais acredito? O que é isso? Posso deixar que essa experiência seja como é? - nos recorda dos passos necessários principais para lidar com nosso sofrimento emocional. Alguns alunos carregam pequenos cartões laminados com as cinco perguntas nos bolsos para momentos em que o "choque cognitivo" ocorre, quando tudo aquilo que sabemos acaba sendo temporariamente esquecido.

Lembre-se, porém, essas perguntas são apenas indicadores; é importante não se perder na técnica. No quadro geral, fazemos essas perguntas porque, quando experimentamos angústia emocional, geralmente somos apanhados em nossos próprios muros da prisão auto-imposta - de raiva, medo e confusão. Mas quando esses nossos muros caem, tudo o que resta é a conexão que somos.

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